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domingo, 5 de dezembro de 2010

Clarice Lispector

Ao mesmo tempo que ousava desvelar as profundezas de sua alma em seus escritos, Clarice Lispector costumava evitar declarações excessivamente íntimas nas entrevistas que concedia, tendo afirmado mais de uma vez que jamais escreveria uma autobiografia. Contudo, nas crônicas que publicou no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, deixou escapar de tempos em tempos confissões que, devidamente pinçadas, permitem compor um auto-retrato bastante acurado, ainda que parcial. Isto porque Clarice por inteiro só os verdadeiramente íntimos conheceram e, ainda assim, com detalhes ciosamente protegidos por zonas de sombra. A verdade é que a escritora, que reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma, continuará sendo um mistério para seus admiradores, ainda que os textos confessionais  possibilitem reveladores vislumbres de sua densa personalidade. 


Clarice Lispector :

Liberdade é pouco o que eu  desejo , ainda não tem nome .

A vida é curta mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar, porque em pleno dia se morre.

Há impossibilidade de ser  além do que se é. No entanto , sou mais do que eu, quase normalmente - tudo que eu fizer é continuação de meu começo. A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou ? Bem, isso já é demais .

Minha força está na solidão . Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”

Não sei se quero descansar , por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir.

Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.

Nunca saberei entender mas há de haver quem entenda. E é em mim que tenho de criar esse alguém que entenderá.

Já caí inúmeras vezes , achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.

E se me chamar  esquisita respeite também; até eu fui obrigada a me respeitar.

“ Sou como você mim vê posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
depende de quando e como você me vê passar.


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